terça-feira, 8 de junho de 2010

ADOLESCÊNCIA


ADOLESCÊNCIA

O que é adolescência?



Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência é um período da vida, que começa aos 10 e vai até os 19 anos, e segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente começa aos 12 e vai até os 18 anos, onde acontecem diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. Adolescência, uma etapa maravilhosa da vida, que muitos insistem em chamar de “aborrescência”. O começo de um despertar para um mundo novo, onde posso ser ator/atriz principal de minha vida, e por conseqüência adquirir a capacidade de poder mudar meu país. Ainda bem que eu encontrei meu espaço, ou melhor, lutei por ele, espaço esse em que posso participar. Geralmente nunca nos deixam participar e com isso aquela vontade natural de mudar o mundo é esquecida, ou melhor, dá lugar a um conformismo ou será inconformismo? E aí aquela ânsia de transformar muitas vezes é trocada pela única forma que encontramos de deixar a nossa marca (depredando orelhões, pichando, etc...) no mundo. Não podemos decidir sobre nossa vida, mas a vida acaba decidindo pela gente: Quando será a primeira vez? Já rolô! Usar camisinha? Não sei! Ih, não tenho agora! Conversar ou não com os pais? Ah eles não me entendem e nem vão me escutar mesmo. Participando a gente pode mudar isso, acredito em mim e em todos os adolescentes que tem essa vontade de mudar e criar um mundo melhor, com a nossa cara..

Quantos somos?

No mundo todo, hoje se estima que haja 1 bilhão de pessoas vivendo a adolescência, ou seja, quase 20% da população mundial. No Brasil, somos cerca de 34 milhões de adolescentes*, 21,84% da população total do país.


Como somos no Brasil?



1,1 milhão de analfabetos/as.

76,5% desses analfabetos/as se encontram no nordeste.

2,7 milhões de 07 a14 anos estão fora da escola (10% da faixa etária).

4,6 milhões de 10 a 17 anos estudam e trabalham.

2,7 milhões de 10 a 17 anos só trabalham.

Desses dois grupos, 3,5 milhões trabalham mais de 40 horas semanais.

VULNERABILIDADE E ADOLESCÊNCIAS


VULNERABILIDADE E ADOLESCÊNCIAS





Maria Teresa Machado Luz[1]
Psicóloga.



Ricardo de Castro e Silva[2]

Psicólogo Psicodramatista.





“A noção de Vulnerabilidade busca estabelecer uma síntese conceitual e prática das dimensões sociais, políticas - institucionais e comportamentais, associadas às diferentes susceptibilidades de indivíduos, grupos populacionais e até mesmo nações, à infecção pelo HIV e suas conseqüências indesejáveis”[3].



A grande pergunta para os profissionais que trabalham diretamente com adolescentes é: como fazer com que nossas intervenções realmente possam contribuir para que o e a adolescente consigam cuidar-se e prevenir-se de situações que coloquem em risco sua integridade e sua felicidade? E ainda por que para alguns adolescentes, mesmo participando de grupos e tendo acesso às informações sobre prevenção, não conseguem se cuidar e acabam tendo de enfrentar situações que podem constrangê-los.



Embora, estar vulnerável a alguma situação seja próprio do ser humano, só muito recentemente este conceito foi retomado, ajudando a clarear os objetivos e contribuindo na estruturação, realização e avaliação do trabalho junto a adolescentes.



A definição colocada acima, por Ayres, tem sido utilizada por nós, profissionais de diversas áreas, no trabalho de prevenção às DSTs/Aids. Na verdade essa definição vem sintetizar uma idéia que já vem sendo desenvolvida há algum tempo e que hoje passa ser a questão central: o reconhecimento da diversidade humana e, como decorrência, a necessidade do reconhecimento da diversidade própria nas adolescências.



Traduzindo, podemos dizer que a vulnerabilidade vem confirmar e de certa forma, institucionalizar a visão de homem, que deverá sempre permear nossas ações educativas - o homem plural, construído na sua diversidade.



Na prática, significa que não podemos mais pensar a prevenção a partir de um único referencial, de uma idéia de universalidade de sujeito, que não existe. Somos diferentes: homens, mulheres, pobres, ricos, crianças, adultos, brancos, negros, adolescentes, jovens, brasileiros, europeus, do norte, do sul e assim por diante. Diferenças estas que são construídas e mantidas por mecanismos sócio-históricos, o que significa que estão em constante mudança.



Passamos por épocas nas quais outros conceitos foram criados e institucionalizados, como grupos de riscos e comportamento de risco. Hoje, o conceito da vulnerabilidade marca uma nova etapa nessa trajetória. Estamos nos distanciando de uma compreensão limitada dos mecanismos da contaminação, passando a compreendê-la de forma mais real, mais coerente, menos influenciada dos preconceitos que marcam nossa cultura.



Em relação aos adolescentes, o que o conceito da vulnerabilidade traz de novo? Em primeiro lugar, nos remete à seguinte questão: quando falamos do adolescente, estamos falando de quem?



Perguntando de outra forma: qual o conceito de adolescente que está presente no momento em que o defino?



· Etapa entre a infância e adolescência?



· Um homem do futuro?



· Época de rebeldia com o mundo adulto?



· Época de luto por tudo o que está perdendo?



- Qual a imagem que tenho?



· Aborrescente?



· Irresponsável?



· Responsável?



· Violento?



· Irreverente?



· Sadio?



· Inocente?



· Sacana?



· Criativo?



Um segundo movimento, que o conceito de vulnerabilidade traz, é começarmos a olhar o “ao redor, o em volta” deste e desta adolescente:



· Como vivem estes e estas adolescentes?



· Estudam? Trabalham? Comem? Divertem-se? Têm amigos? Como moram? Quem são as pessoas de sua família? Que visão têm de mundo, de Brasil, de futuro?



Estamos falando das adolescências, e não mais da adolescência. Essa postura, que devemos adotar, reconhece a pluralidade da adolescência e não mais a idéia da universalidade.



As adolescências são delimitadas, portanto, definidas por aquilo que está ao redor, pela sua realidade.



Uma terceira e talvez última questão, que norteia o conceito de vulnerabilidade é a forma como esses homens e mulheres adolescentes vivem sua sexualidade e, aí, entramos na área dos valores, conceitos, pré-conceitos e vivências, de cada uma dessas pessoas .



· Transam? Com quem? Por quais razões? Não transam?



· Como o vemos e, portanto, como o tratamos? Pessoas sexualizadas, assexualizadas?



· Com qual visão de sexualidade trabalhamos junto a esses homens e mulheres adolescentes? Direito ao prazer com responsabilidade? Vivência perigosa que poderá levar a problemas como a gravidez, DSTs, e outros?



Trabalhar com o conceito de vulnerabilidade é passar a fazer perguntas a respeito do sujeito sobre o qual estamos falando. Perguntas nas três dimensões definidas no conceito: social, política, institucional e pessoal.



E aí, vamos conhecer as inúmeras questões que podem aumentar o grau de vulnerabilidade do e da adolescente:



· Questões de gênero - relações desiguais de poder entre homens e mulheres;



· Condições de vida;



· Condições de Saúde;



· Acesso ou não à informação;



· Possibilidade de reflexão sobre diversas questões que perpassam sua vida, inclusive as questões de sexualidade;



· Relação que estabelece com a vivência do prazer e do desprazer em sua vida;



· Falta de políticas públicas em Saúde e Educação para os e as adolescentes brasileiras;



· Falta de serviços de saúde adequados para adolescentes;



· Falta de participação do adolescente no planejamento, execução e avaliação de ações, planos e políticas de saúde e educação;



· Tirar o e a adolescente do lugar de ouvinte e mero expectador do mundo, e colocá-lo no lugar de autor, realizador e criador de ações no mundo.



Sem dúvida, possibilitar que toda essa estrutura funcione positivamente vai favorecer que o/a adolescente possa conhecer-se melhor, para reconhecer-se como sujeito de sua história pessoal e social. O que significa valorizar-se como pessoa, importar-se consigo mesmo para poder relacionar-se com seus pares, ver-se ativo e responsável por sua trajetória, por prevenir-se de situações que possam prejudicar seu desenvolvimento dando passos que o ajudem a crescer sem perder-se de si mesmo, ao mesmo tempo em que possa ver no outro a possibilidade de complementar sua felicidade.



Lugar de adolescentes, a escola poderia servir de porto-seguro para que o adolescente, ao gostar de conhecer, pudesse encontrar prazer em aprender e, assim, ver-se como pessoa participante de um mundo cientificamente organizado, com uma história e uma cultura própria; e conseqüentemente, também como autor e ator deste processo. Ser parte integrante dessa organização social pode ser o caminho para que o adolescente, tendo seus direitos preservados, fique menos vulnerável aos apelos da sociedade para afastar-se de si, alienar-se de sua condição de sujeito e ver-se como objeto fácil de consumo certo de produtos que “engole” sem nem saber o porquê. Entenda-se aqui por produtos, não só aqueles comprados legalmente nas casas comerciais como as drogas ilícitas, os valores, o uso do corpo e a ideologia de que adolescente só serve para atrapalhar, que é “aborrescente”, que é a idade do guarda-roupa.



São os adultos os responsáveis por, ao excluir o adolescente de sua função na sociedade, colocá-los mais vulneráveis a toda sorte de exposição, facilitando que as DSTs/Aids realmente sejam ameaças muito próximas de suas vidas.

Você Quer se Abençoado Por Deus, Vem Receber o Que Deus Tem Para Você Então Vem Para o Livres.